28.11.08

cansei...

...

4.11.08

da despedida

"Depois de alguns arranjos que não seguiram o caminho programado, mais um ciclo terminou agora há pouco. Um ciclo que, com a mais absoluta certeza, deixará saudades - e muitas. Para mim, uma jornalista recém-formada, os três últimos meses representaram muito aprendizado. Isso não é um exagero. Em nenhum outro lugar, tive a oportunidade de produzir, apurar, pesquisar, entrevistar, editar, escrever e ser tão jornalista como fui nos últimos dias. Lembro que no anúncio da vaga, a descrição dizia que a pessoa deveria estar por dentro de todos os assuntos: cultura, política, esportes e etc. Esses três meses provaram que a descrição estava certa. Desde o meu primeiro dia, procurei estar mais bem informada possível. Poderia ficar horas falando de cada entrevista que consegui agendar, de cada pessoa que entrevistei, de cada momento que passei aqui. Mas acho que um email não seria suficiente...

Durante a faculdade, sempre nos diziam que tínhamos que escolher ou nos identificar com uma área e/ou trabalho para sermos felizes no jornalismo. Hoje, apesar do meu início de carreia, posso dizer que, sim, esse foi o trabalho com o qual senti mais prazer. Mesmo nos dias em que o mau humor tentava tomar conta do meu estado, as entrevistas conseguiam me animar de uma maneira inexplicável. O fato de a cada dia conversar e conhecer uma pessoa nova, me renovava. Fazia com que, ao final do dia, eu me sentisse uma outra Thais. As histórias de todos que passaram por aquela sala me marcaram - tanto profissional como pessoalmente.

O que posso dizer é que, apesar de saber desde o início que o meu contrato era temporário, deixo vocês com um aperto no coração, com um nó na garganta e segurando as lágrimas. Sentirei falta de acordar todos os dias empolgada (pensando nas pessoas que entrevistaria e nas que poderia entrevistar). Sentirei falta de criar as salas, de passar os pacotes, de enviar os materiais, de criar os "ao vivo", de atualizar o Twitter, de arrumar a sala, de ter que lembrar de pegar as licença de imagens, de editar as íntegras, de encher a paciência dos assessores de imprensa, de pedir, pedir e sempre pedir os copos de água, de testar os microfones, de receber os convidados e de entrevistá-los por uma hora. Sentirei falta também de todos os frios na barriga que senti quando dei de cara com pessoas que eu admiro. Sentirei falta de ter que fazer várias coisas ao mesmo tempo. Sentirei falta dos post-its com as tarefas do dia grudados no meu computador. Sentirei falta de ter que ler o jornal correndo, de ter que vasculhar as informações para a nossa agenda ter pessoas sempre legais. Sentirei falta de ver que os concorrentes estavam copiando a nossa agenda (risos). Sentirei falta do burburinho da redação, das conversas em espanhol que rolavam, do corre-corre, da adrenalina e das janelinhas do MSN piscando sem parar.

Espero que continuem trazendo pessoas legais, que vocês continuem entrevistando e conhecendo pessoas como as que conheci e entrevistei, que me ensinaram a cada entrevista, que me trouxeram mais vontade de conhecer o mundo e que, acima de tudo, me emocionaram e me deram a certeza de que estou no caminho certo. Foi por causa desse trabalho que percebi que o jornalismo é mesmo a profissão que escolhi para seguir para o resto da vida - ou, pelo menos, até quando eu continuar tendo o prazer de conhecer as histórias das outras pessoas."

* o texto acima faz parte de um email de despedida de mais um ciclo