21.1.09

capricórnio

"O importante hoje é ser otimista, deixar que a vida traga respostas, dar tempo ao tempo e confiar no que ainda não se manifestou concretamente, mas que é uma possibilidade. Somente assim você vai romper o medo, o circulo vicioso dos pensamentos tristes e sair do isolamento."
(Por Barbara Abramo)

13.1.09

receita de ano novo *

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
*Carlos Drummond de Andrade
... fácil não é mesmo. Mas acredito mesmo que o Drummond tem razão. Temos que merecer um novo ano. E mais: somos os responsáveis pelo seu despertar.

33°C lá fora...

... e essa é a visão que tenho da sacada do meu apartamento. Parece até sacanagem, né?

7.1.09

daquilo que foi

Se tivesse que escolher uma única palavra para definir 2008, não pensaria duas vezes. Intensidade. Em alguns momentos, o ano que passou foi mais intenso do que eu acreditei que poderia suportar. Não foi ruim, aviso aos que logo imaginaram tal possibilidade. Foi intenso nos bons e nos maus momentos. Em 2008, acredito eu, a roda gigante que dá ritmo às nossas vidas girou mais forte. Com mais emoção, como costumo dizer.

Eu estava pronta para escrever sobre um 2008 difícil e bem diferente daquilo que eu tinha planejado na contagem regressiva. Mas uma boa surpresa apareceu por aqui: tirando da gaveta cada coisinha que vivi, me dei conta de que o ano não foi tão pesado quanto eu achei que tivesse sido. Somos um pouco assim, né? As coisas sofridas e desgastantes ficam marcadas de um jeito estranho. Parecem que elas ganham uma dimensão maior do que realmente tiveram. E se dermos corda, elas tomam conta de tudo - chegam até a ofuscar aqueles dias leves que nos foram tão importantes.

Posso lembrar exatamente de como me sentia no começo do ano passado. Recém-formada, cheia de medos e expectativas sobre o futuro, sobre os trabalhos que apareceriam ou não apareceriam. Dúvidas e mais dúvidas sobre os caminhos a seguir. Cansaço pelo ano de TCC que tinha ficado para trás e uma vontade de fazer nada. Só esperar as coisas se ajeitarem. Mas, intensa como sou, deixei tudo sair do lugar bem rápido. Pirei.

(Mas, nessa mesma época, descobri como eu gosto de silêncio e de verde. As caminhadas no parque durante a semana eram o meu refúgio. Espantavam, mesmo que momentaneamente, aquela insegurança, que insiste em fazer parte da vida de qualquer bom mortal...).

... Nessa época das coisas de cabeça para o ar fiquei paralisada. Nem mesmo a possibilidade de trabalhar numa grande empresa me animou. Os parafusos saíram do lugar. Foi aí que decidi encarar o meu medo. Arrisquei-me numa pesquisa para um grupo estrangeiro. Encontrei o gás que faltava, encontrei a motivação e, duas semanas depois, apareceu uma oportunidade que à primeira vista pareceria ser bem bacana. Não foi. Um especial de dez anos fez com que o meu mês de abril fosse transformado em um verdadeiro inferno (desculpem, não encontrei melhor palavra para definir aqueles dias cinzentos).

Não sei se isso só acontece quando somos jovens demais, ou imaturos demais, ou inexperientes demais, mas para conquistar meu espaço nessa tal de "mercado de trabalho", me sujeitei ao desrespeito. Foi difícil, mas passou. Ainda bem. E acho que hoje já consigo rir daqueles dias que chorei na redação de uma importante revista semanal. Cá entre nós, ainda bem que a vida também está cheia de momentos leves, não é verdade? Se eles não existissem, passar pela "quantidade de baleias que tinham em 1998" não seria nada fácil.

Apesar de o primeiro semestre ter sido de muitos desencontros profissionais, tive experiências únicas (e inesquecíveis, diga-se de passagem). Ganhei um beijo do governador; conheci o estádio do Juventus, na Rua Javaria, numa bela tarde de sábado; reencontrei minha avó, no dia em que ela completou 78 anos, depois de uma longa viagem até Juiz de Fora, lá em Minas Gerais. E mais: descobri que gosto mesmo é de praia, sol, silêncio e dias azuis.

... Mas nem sempre conseguimos deixar as coisas no lugar em que elas deveriam estar. Por vezes, entramos em desalinho - com a gente mesmo e com o mundo. Temos os nossos momentos de fraquezas. Descobrimos, feliz ou infelizmente, que não somos tão fortes quanto imaginávamos. Talvez possa não parecer, mas depois nos damos conta que viver dias em desalinhos é importante também. Nessas horas, temos a chance de estarmos com as nossas mais verdadeiras e sinceras identidades (sim, eu sei que isso muitas vezes pode ser terrível). Mas precisamos de momentos de fraquezas. Não só para superá-los, mas também para nos conhecermos mais e nos darmos a chance de reparar o que foi feito de errado.

A roda gigante parou lá embaixo. Foi como um recado da vida: está na hora de fazer a roda girar, e com muito mais vida. Acho que foi sorte. Não tenho outra explicação. Consegui um freela que fez a minha vida mudar. E tenho a leve impressão de que além de dar importantes passos na profissão que escolhi para seguir, os três meses em que a cada dia eu conversava e conhecia uma pessoa nova, me renovou. Fez com que, ao final de cada dia, eu me sentisse uma outra Thais. As histórias de todos que passaram por aquela sala me marcaram - tanto profissional como pessoalmente. Na época da despedida escrevi algo mais ou mais assim: as pessoas que conheci e entrevistei me ensinaram a cada entrevista, me trouxeram mais vontade de conhecer o mundo e, acima de tudo, me emocionaram e me deram a certeza de que estou no caminho certo. Foi por causa desse trabalho que percebi que o jornalismo é mesmo a profissão que escolhi para seguir para o resto da vida - ou, pelo menos, até quando eu continuar tendo o prazer de conhecer as histórias das outras pessoas.

Com as novas pessoas, vieram também os reencontros. O pessoal do colégio e o pessoal do cursinho voltaram a fazer parte de minha vida. Foi bom perceber que mesmo depois de tanto tempo podemos ter a certeza de que ainda continuamos contando uns com os outros, que ainda nos identificamos, que ainda temos os mesmos medos, que ainda temos os mesmos desafios. Além do silêncio, também descobri que gosto de muita conversa, de música boa e alta para cantar e dançar. Contraditório? Nem tanto, né?

2008 se foi. Deixou algumas lições. Algumas aprendidas facilmente, outras com um pouco mais de esforço. Mas aprendi que não posso duvidar mais de mim, nem do que sou capaz de fazer. E mais: tive a certeza de que ter planos e sonhos e fundamental para que a nossa roda continue a girar. E num ritmo leve, que só a gente é capaz de ditar. Se eu quiser alguma prova dessa teoria um tanto clichê, basta fechar os olhos e lembrar de que, não, não foi sonho. Parecia distante, mas estive em Buenos Aires para fechar esse ano que se foi com sua intensidade.

Para 2009? Li no horóscopo dessa semana que preciso ter foco. Mas tomei a liberdade de ter dois: quero um emprego e uma bicicleta para começar. Depois eu planejo e sonho com o resto.

(sei que o post está gigantesco, mas ainda não sei ser pouco)