17.2.09

arrepio de saudade

Acabou há poucos minutos o jogo entre Palmeiras e LDU, pela segunda fase da Copa Libertadores. Com 100% de aproveitamento, acho que o time dos Pinhata não aguentou a pressão, e foi derrotado por 3 a 2 em sua décima partida do ano. Puto, dizendo para o Luxemburgo (como se ele estivesse ouvindo) que a Libertadores não é a sua praia, meu pai foi para o quarto, mas, para minha felicidade, deixou a televisão da sala ligada no SportTV.

Imagens do jogo que começa em instantes causaram por aqui um arrepio de saudade. Direto de Buenos Aires, La Bombonera apareceu lotada e fervendo para a partida entre Boca Juniors e Deportivo Cuenca. Só de pensar que há dois meses estava me preparando para visitar aquelas terras que tanto me encataram já fico toda emocionada...

... ah, Buenos Aires, Buenos Aires, tengo ganas de verte de nuevo.

16.2.09

a trilha de 1997

Eu tinha 12 anos. Estava na sexta série. Era muito mais tímida do que sou hoje. Já gostava muito de música. As viagens para o interior eram mais constantes. Pelo menos duas vezes por ano íamos visitar meus avós lá na divisa do Mato Grosso do Sul, a 600 Km de São Paulo. Como grande parte dos pré-adolescentes, comecei a conhecer um pouco mais de uma das maiores bandas de rock nacional. A gravação do primeiro Acústico MTV me deixou viciada em Titãs. Tinha acabado de ganhar um discman. O único CD que rodava por ali era o dos meninos que cantavam Os Cegos do Castelo - ouvia essa música uma centena de vezes sem me cansar.

Acho que já disse por aqui que a minha memória do passado não é lá muito boa. Talvez tenha esquecido algumas coisas de propósito. Mas isso não vem ao caso agora. O fato é que sempre que ouço ou vejo os Titãs me vem à cabeça a cena de uma de nossas viagens para o interior. Lembro que tínhamos acabado de parar no Rodoserv - o único restaurante da estrada que o meu pai gosta. Depois de nos esticarmos um tantinho e recarregarmos as energias para os quase 400 Km que faltavam, coloquei o fone no ouvido, procurei a faixa 5 e deixei algumas lágrimas caírem ao som de Os Cegos do Castelo. E não tinha nenhum motivo especial para o choro. Quando a música é bonita, me emociono...

... e foi com algumas (muitas) lágrimas que assisti, ontem à noite, ao documentário "Titãs – A Vida Até Parece Uma Festa", dirigido por Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves. Como uma boa menininha, não gosto muito da fase rock pesado da banda. E talvez por isso tenha quase furado as faixas do CD que tinham as músicas Pra dizer adeus, Flores e Cegos do Castelo. E sendo assim, para mim, uma das melhores passagens do filme é a participação dos Titãs no especial do Roberto Carlos de 1998 (se não me engano). Eles cantaram juntos Pra dizer adeus, que anos depois seria a trilha do enterro de Marcelo Frommer, que morreu no dia 13 de junho de 2001, vítima de um atropelamento em São Paulo.

Para os mais sensíveis, como eu, o documentário é de tirar o fôlego. E mesmo para os que não são muito fãs da banda, eu o recomendo. É uma oportunidade para assistir a um show da melhor fase dos Titãs, a que ainda contava com Arnaldo, Nando e Marcelo.

Ah, por muito pouco, muito pouco mesmo, não entrevistei o Branco. Dias antes de sair do Terra, estava agendando a participação dele no Chat. Ele foi, mas eu já não estava mais lá. =(

12.2.09

revirando

inquietação. agitação. ansiedade. desassossego. revirando o estômago.

10.2.09

o medo que dá

Você já teve medo? Do escuro? Da chuva forte? De raios e trovões? Medo de ficar sozinho em casa? Medo de sua mãe te esquecer na escola? Medo de elevador? Medo do cachorro da vizinha? Medo de machucar, de ofender, de ser desagradável? Medo de se perder e nunca mais se encontrar? Quando era pequena, tinha medo de (quase) tudo.

O mais marcante, ou o que está mais presente em minha memória, era o medo de não ter meus avós por perto. Não tive uma infância muito convencional, digamos assim. Passei os anos de criança cuidando do meu avô. Ele foi a pessoa mais inteligente e admirável que conheci até hoje. Forte, como poucos conseguem ser. Mas, por uma peça pregada pelo destino e por um erro médico, ele perdeu quase todos os movimentos do corpo. Passou muitos anos deitado na cama. Dependia de todos para as coisas mais simples. Eu era uma criança, mas cuidava dele como uma adulta - dava banho, comida, ajudava a trocar de roupa... Era tão ligada a ele, que não coseguia nem dormir. Acordava milhares de vezes durante a noite só para ver se estava tudo bem. "Vô, vô, está tudo bem?". Quando a resposta era positiva, eu voltava para o sofá da sala para tentar pegar no sono outra vez...

... sempre fui muito medrosa. Demorei a confessar que estava apaixonada por medo de receber um não. Enquanto todas as minhas amigas, com seus doze anos, já tinham namorados, eu preferia ficar quieta a ser rejeitada. Medo de amar, mas não ser amada. Nessa época, em que as coisas estavam se formando na minha cabeça, meu mundo era uma confusão só. Cheguei a ser covarde, para ser sincera. Mas, na verdade, eu nem sabia ser de outro jeito. Não gostava de histórias de terror, de montanha-russa, de rebater quando apanhava. Tinha medo de machucar, e nem me importava se os outros estavam me maltratando.

Tinha tanto medo, mas tanto, que não consiguia dormir quando alguém morria. Aliás, não consiguia ir para qualquer lugar sozinha. Quando "Mamonas" morreram foi um horror. Lembro que fiquei vários dias assustada. Tinha certeza absoluta que, assim que eu abrisse os olhos durante a noite, eles estariam lá para me pegar. Podem rir. Mas é mais pura verdade. Sempre que ficava sozinha em casa, eu ligava a televisão - só para ter a sensação de companhia, sabem?

Aqui, somos em quatro irmãos. Mesmo mais velha, assumi o papel de mais medrosa. Morria de medo dos meus pais, e justamente por isso, nunca consegui menti. Orgulho-me um pouquinho disso, mas nem sempre ser tão verdadeira e sincera é sinônimo de alguma coisa boa. Já sofri muito por ser assim. Estou aprendendo a melhorar. Se vou conseguir? Sinceramente, não sei.

Já tive medo de morrer em alguns momentos. Um deles ainda está muito presente em minha memória. Lembro que eu e minha família estávamos indo ou voltando de uma viagem. Numa ultrapassagem, por muito pouco não fomos atropelados por um imenso caminhão que vinha no sentido contrário. A única imagem que ficou em minha mente foi a da buzina estrondosa e daquelas luzes amarelas em nossos rostos... Minha mãe diz que quase fui atingida por um raio quando tinha uns quatro anos, mas como não me lembro, acho que não senti medo, não.

O medo já chegou a me parasilar. Quase perdi alguns dos melhores momentos da minha vida por medo. Aos poucos, fui aprendendo a lidar com ele. Comecei a dominá-lo, antes que eu acabasse de vez em suas mãos. Lembro que a morte do meu avô, em outubro de 1998, foi a responsável por eu comecer a perceber que, mesmo que a gente tenha muito medo, as coisas acontecem. Algumas fogem de nossa alçada. Não cabe a nós decidir sobre alguns caminhos dessa vida. Eu era muito jovem ainda. Essa clareza não veio tão facilmente. Mais alguns anos tiveram que passar para que eu começasse a me dar conta de que meu medo não me deixa a salvo do mundo. Corri menos riscos, confesso. Mas também vivi menos durante os anos em que o medo me assombrou...

... Hoje tenho menos medo das coisas do mundo. Arrisco-me mais. Aprendi sofrendo, como não poderia deixar de ser. Já não tenho medo de escuro, nem da sala vazia sem a televisão ligada. Não tenho medo do silêncio. Já não tenho medo de chuva, nem de raios e trovões. Descobri, recentemente, que já não tenho mais medo de dirigir. E já subo na balança sem medo nenhum. Hoje, já não tenho medo de pedir arrego. Também não tenho medo de errar. De assumir os meus erros, e de tentar corrigi-los. Mas, acima de tudo, hoje, já não tenho medo de sentir medo. Quando sinto, o encaro. Às vezes venço, outras me deixo levar... Mas, no fundo, no fundo, sempre tem aquele medo que a gente deixa escapar.

pé na areia

"Quando a gente fica em frente ao mar
A gente se sente melhor"

(A Letra A, Nando Reis)

6.2.09

la ra ra ri ra ra...

Mulheres Apaixonadas, novela de Maneco, foi a sensação do horário nobre da Globo entre 17 de fevereiro e 10 de outubro de 2003. Nessa época, lembro-me muito bem, estava estudando muito para prestar o meu segundo vestibular na Cásper. Mesmo assim, não perdi nenhum dos 203 capítulos. Aquelas histórias do Leblon, embaladas pela bossa nova de Tom e Vinícius, sempre me emocionaram, e ficaram na minha memória...

... mas o engraçado é que, mesmo sabendo o que acontecerá em quase todas as cenas, ainda me pego chorando nos capítulos da novela que está sendo reprisada em Vale a Pena Ver de Novo. As hitórias de Maneco preenchem as tardes de quem está em casa, sem nada para fazer, desde o dia 1º de setembro de 2008.

Hoje, assistindo a um dos capítulos da reta final - Mulheres Apaixonadas termina no final do mês -, me peguei chorando de novo. Os protagonistas da cena eram Rodrigo Santoro e Camila Pitanga. O cenário, o aeroporto. A despedida dele. Juras de amor. Foi mais do que suficiente para eu deixar as minhas lágrimas de emoção, que caem de olhos sensíveis ao extremo, rolarem...

Emociono-me por coisas tão simples e (aparentemente) bobas, né? Sou assim, ué!

4.2.09

boquiaberto

abalado, abarbarado, abismado, abobalhado, aboleimado, admirado, agraviado, assarapantado, assarapolhado, assombrado, atabalhoado, atado, atalhado, ataranhado, atarantado, atólico, atólito, atônito, atordoado, atrapalhado, aturdido, azabumbado, azamboado, azaranzado, azoinado, banzado, banzo, baralhado, basbaque, besta, boquiaberto, confundido, confuso, contérrito, conturbado, desnorteado, desorientado, embaraçado, embaralhado, embasbacado, embatucado, empachado, empatado, engasgado, enleado, enredado, esbabacado, espantado, estarrecido, estonteado, estremunhado, estupefacto, estupefato, estupefeito, estúpido, extasiado, impressionado, maravilhado, parvo, pasmado, pasmo, pávido, perturbado, siderado, sorongo, surpreendido, surpreso, suspenso, tonto, transtornado, trêmulo, vago, varado, zoina, zonzo... enfim, perplexo!

... sou muito ingênua ou o mundo é cruel demais?