21.8.08

como chocolate

Os que me conhecem sabem que não como chocolate há quase quatro anos. Fui uma adolescente gordinha - não que hoje eu seja a pessoa mais magra do mundo, ok? -, e um pouco antes de entrar na faculdade comecei um regime. Ao longo desses anos, a minha alimentação passou por uma reeducação. Os chocolates, por exemplo, que faziam parte da minha rotina - uma barra por dia era sagrada -, hoje já não fazem mais falta.

... acho que existem muitas coisas na vida que são como o chocolate para mim. Mesmo que tenham ficado durante muito tempo por aqui, chegará o dia em que elas não farão mais falta.

16.8.08

ai, ai, que saudade eu tenho...

Acordei com uma das notícias mais tristes do ano: Dorival Caymmi morreu aos 94 anos no Rio de Janeiro.

Do G1, no Rio, com informações da TV Globo
O cantor e compositor Dorival Caymmi morreu na manhã deste sábado, aos 94 anos, no Rio de Janeiro. Caymmi faleceu por volta das 6h de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos.

O músico nasceu em Salvador, na Bahia, no dia 30 de abril de 1914. Ele deixa mais de cem composições, entre elas ‘Eu não tenho onde morar’, ‘Maracangalha’, ‘O que é que a baiana tem?’ e ‘Rosa Morena’.


Caymmi nos deixou canções maravilhosas. Eu poderia citar uma imensa lista com as minhas músicas preferidas. Mas seria muito injusta... Hoje, com absoluta certeza, a música popular brasileira perdeu um de seus grandes nomes. Para a nossa imensa sorte, porém, toda a obra de Caymmi ficará para sempre entre nós...

15.8.08

verdades que poderiam ser mentiras

Mais uma pesquisa de intenção de votos foi divulgada agora há pouco pelo Ibope. Encomendada pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela TV Globo, a pesquisa mostra que, em São Paulo, a candidata do PT, Marta Suplicy, disparou na corrida pela Prefeitura.

Com 41 % das intenções de voto, a candidata Marta Suplicy(PT) disparou na corrida pela Prefeitura de São Paulo, segundo pesquisa encomendada pelo O Estado de S.Paulo e pela TV Globo, divulgada nesta sexta-feira, 15. A candidata do PT havia registrado 34% na última pesquisa. Já o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) caiu de 31% para 26%. Com uma margem de erro de três pontos porcentuais, Marta abriu uma vantagem de 15 pontos. Na pesquisa anterior, os candidatos estavam tecnicamente empatados na pesquisa induzida - 34% de Marta contra 31% de Alckmin.

Para a alegria do pessoal que é adepto ao "rouba, mas faz", os números da pesquisa mostram Maluf em terceiro lugar - não que ele tenha conquistado pontos nas intenções de voto. Para a sorte de Maluf, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, deu uma forcinha: caiu de 10% para 8%. Aqui faço questão de abrir parêntese (antes de qualquer eleição, sempre penso: 'não, o Maluf não vai se candidatar'. Ele se candidata. No decorrer da corrida eleitoral, penso: 'não, ninguém vota mais nele'. Do nada, ele aparece em terceiro lugar numa pesquisa... Sinceramente, acho nenhum paulistano entendeu aquela história do "se ele não for um bom prefeito, nunca mais vote em mim") fecha parêntese.

Mas este post não é para falar sobre a corrida em São Paulo. Estou, na verdade, cada vez mais chocada - sim, acho que essa é palavra: CHOCADA - com a capacidade dos fluminenses escolherem tão mal os seus representantes. Para os que não sabem, o atual prefeito do Rio de Janeiro é uma das pessoas que eu menos suporto do mundo político. Não que ele tenha feito alguma coisa para mim, mas não consigo sequer assistir a uma entrevista dele na televisão... Acho que ele, assim como seus antecessores, tem colaborado muito para a destruição de uma das cidades mais bonitas do mundo.

Esse ano de 2008 deveria, portanto, ser de transição e de mudança. As eleições municipais que acontecem em outubro poderiam significar aos moradores da cidade maravilhosa a oportunidade eleger um representante sério - e que, acima de tudo, estivesse realmente preocupado em encontrar meios de solucionar os milhares de problemas da cidade. Mas o que eu encontro há pouco no portal do Estadão?

Isto aqui, ó:

Crivella sobe 5 pontos e amplia liderança no Rio
Ele lidera a corrida eleitoral no Rio, com 28% das preferências


Da Redação

SÃO PAULO - O deputado Marcelo Crivella (PRB) lidera a corrida eleitoral no Rio de Janeiro, com 28% das preferências, de acordo com pesquisa Ibope contratada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo", divulgada nesta sexta-feira, 15. Crivella tinha 23% na pesquisa anterior, anunciada no dia 19 de julho, e subiu 5 pontos porcentuais.

Em segundo lugar, estão empatados tecnicamente Eduardo Paes (PMDB) e Jandira Feghali (PCdoB), com 12% e 11%, respectivamente. Mas eles enfrentam situações opostas. Paes estava em terceiro lugar, cresceu 4 pontos porcentuais (saiu de 8% e foi para 12%) e passou Jandira, que caiu três pontos (de 14% para 11%).

Em julho, Crivella tinha 9 pontos porcentuais sobre o segundo colocado. Agora, tem 16 pontos de vantagem.

Em quarto lugar está Solange (DEM), com 6% das intenções de voto. Gabeira (PV) e Chico Alencar (PSOL) estão empatados com 4%. Quatro candidatos ficaram com 1%: Alessandro Molon (PT), Paulo Ramos (PDT), Filipe Pereira (PSC) e Eduardo Serra (PCB). Antônio Carlos (PCO) tem zero. Vinicius Cordeiro, do PTdoB, não foi citado. Brancos e nulos somaram 16% e 15% dos entrevistados não souberam responder.

Crivella lidera no primeiro lugar, mas ao mesmo tempo tem a maior taxa de rejeição entre todos os candidatos: 29%. Nas simulações de segundo turno, ele aparece em empate técnico contra Jandira Feghali - 36% contra 32% de Jandira. Contra Eduardo Paes, ele lidera: 37% a 30%.


Essa, com a mais absoluta certeza, é uma daquelas verdades que poderiam ser mentiras...

Nota: mesmo com esses números nada empolgantes, eu ainda acredito no Rio. Tenho certeza de que quero morar lá por bastante tempo. E torço muito para que, daqui a quatro anos, a cidade maravilhosa seja comandada por alguém digno para representar todas as suas belezas...

14.8.08

tempo, tempo, tempo...

“O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim, é um pomo exótico que não pode ser repartido, podendo entretanto prover igualmente a todo mundo; ... um rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele, devasso, que se estende, mãos e braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra o seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira; o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou de espera, que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é ...”

(Raduan Nassar, Lavoura Arcaica)

12.8.08

a falta que faz

O Da Gaveta nasceu no dia 10 de agosto de 2006. Um texto, feito durante uma aula da disciplina "Técnicas de Redação I", inaugurou este espaço que completou dois anos. Meu avó, que se estivesse vivo, hoje, dia 12 de agosto de 2008, completaria 83 anos, foi o homenageado...

... acordei com um aperto no coração. Com uma vontade de deixar as lágrimas rolarem sem me preocupar em ser vista com o rosto molhado. A saudade e o desejo de ainda tê-lo aqui por perto estão tomando conta de todo o corpo. Ele faz falta. Muita. Mas também é bom ter a certeza de que o tempo em que o tivemos ao nosso lado foi suficiente para eu me dar conta de que ele, o meu avó Abrahão, foi um homem raro - daqueles que já não existem aos montes nos dias de hoje...

Para colocar para fora um tantinho dessa "tristeza", deixo aqui um trecho do primeiro texto desse blog:

"Da coleção de vinis

Ouvia as histórias. Diziam: “ele é muito inteligente, poliglota, conhece arte e música clássica como ninguém”. O encanto seria inevitável, como de fato foi. Da infância nada é muito intenso na memória – como se de propósito tivesse apagado qualquer resquício daquela época -, mas, mesmo assim, algo a liga àquelas histórias. Existiram os vinis. Neles, ela sabe, ficaram guardados todos os bons momentos que viveram juntos (e que poderiam ter vivido). Desde bem pequena tinha a certeza de que os LP’s seriam uma ligação com o passado – não saudosista, mas confortante. Em cada uma daquelas faixas circulares, encontraria os ensinamentos que não lhe puderam ser dados. Ela decidiu: as músicas pelas quais ele se apaixonou seriam os primeiros objetos de sua casa.

Era muito nova. Para eles, uma criança apenas. Mas, aos nove anos, já sabia que as bonecas estavam num daqueles baús esquecidos pela vida. Não lhe faziam mais falta. Ela só queria que ele estivesse bem. Tinha medo, por isso cuidava com atenção. Acompanhava o seu ritmo para não o deixar cair. Ainda conversavam. Ele contava histórias que ela já não consegue lembrar. Mas sabe que eram boas e a faziam sorrir. Tinham os livros também. Discos e livros na mesma estante da sala. O tapete e as cortinas verdes. As poltronas. Ele sentava na que ficava à esquerda. Aos sábados, não era servido o jantar. Todos esperavam o café, o pão e o bolo quentinhos. Ele já não tinha uma expressão alegre, mas também estava lá. Ainda tinha o equilíbrio que perderia pouco tempo depois.

Depois de um erro médico durante o transplante de coração, perdeu os movimentos. Quase todos. Tinha um coração jovem, mas não poderia aproveitá-lo. Viveria, a partir de então, os anos que lhe ainda fossem concedidos, na cama. Ela estaria lá. Forte como nunca, mas ainda muito criança para eles. Completará 11 anos e nem percebera que as festinhas aconteciam, que as meninas já não odiavam os meninos, que alguns já se achavam namorados. Ela não queria saber daquilo. Nada lhe interessava. O sono era leve. Acordava com qualquer ruído e corria para o quarto dele: “você está bem?”. Quando a resposta demorava, quase se desesperava, mas tentava mais uma vez: “está tudo bem?”. “Estou”... só então voltava a dormir.

Era um domingo. Outubro de 1998. Ela tinha 13 anos e arriscava-se na cozinha. Naquele dia 18 fez um bolo de chocolate – sua especialidade. Ele não comia sozinho. Precisava de ajuda. Ela deu-lhe na boca. De madrugada algo aconteceu. Ele sentiu-se mal, vomitou. Ela entrou em pânico: acreditava que tivesse sido o bolo de chocolate. Ligaram para a ambulância. Ele a olhou e mais nada precisaria ser dito. Ela saberia que seria a última vez que ele estaria ali. Quando partiram para o hospital, alguém falou: “não se preocupe porque ele vai voltar”. Ela sabia que não..."