29.7.08

flor de laranjeira

Sá Marina
Antônio Adolfo - Tibério Gaspar
Descendo a rua da ladeira. Só quem viu, que pode contar. Cheirando a flor de laranjeira. Sá Marina levei prá dançar... De saia branca costumeira. Gira o sol, que parou prá olhar. Com seu jeitinho tão faceira, fez o povo inteiro cantar... Roda pela vida afora. E põe prá fora esta alegria. Dança que amanhece o dia. Prá se cantar. Gira, que essa gente aflita. Se agita e segue no seu passo. Mostra toda essa poesia do olhar... Deixando versos na partida. E só cantigas prá se cantar. Naquela tarde de domingo. Fez o povo inteiro cantar. E fez o povo inteiro cantar...

6.7.08

e as palavras não dizem

Já faz quase um mês que não deixo registros por aqui. Não é por falta de assunto, acreditem. Só não sei por onde começar. É como na máxima de Roberto "eu tenho tanto para te falar, mas com palavras não sei dizer...".

... confesso que estou ensaiando um post há um tempinho. As idéias surgem, mas logo passam. Não se concretizam - e nem se aproximam de algo que se possa chamar de texto. Queria escrever sobre um reencontro. Aconteceu no final de semana do dia 21 de junho. Viajei mais de nove horas para chegar a Juiz de Fora. Minha avó mora lá há quase quatro anos - e desde o dia em que ela resolveu arrumar as malas e voltar para a cidade de sua vida, não nos encontrávamos.

Moramos muitos anos com a vovó Luiza. Como já escrevi por aqui, saudades não faltavam. Emoção e lágrimas - de alegria e tristeza - não faltaram. Voltei para casa com um aperto no coração. Durante a viagem de volta, enquanto o ônibus saculejava, eu me deparava com cada momento vivido durante aqueles dois dias. Até hoje, confesso, pego umas lágrimas escorrendo de vez em quando.

Vovó mora em uma casa de repouso. Tínhamos que estar preparadas. Tristeza e melancolia eram mais do que esperadas. Mas não encontramos o que acredito ser fundamental para todos os seres - até o final de nossas vidas: a dignidade. Parece que ela já não existe para cada uma daquelas pessoas que ali estão... Por não saber como traduzir em palavras tudo o senti diante daquela dor dos outros, preferi não escrever, não falar, não lamentar...

Como dizem por aí, às vezes só o silêncio tapa os buracos...

(Vovó não quis voltar para São Paulo com a gente. Ela diz que se sente bem por lá - e deve mesmo ser verdade. No dia 21 de junho, ela completou 78 anos de vida. Uma festa, com direito a cachorro-quente, canjica, bolo e docinhos, foi preparada. Convidados foram aos montes - cada um, com um presente para lá de especial para a 'Dona Luiza'. Lá ela se sente importante. Lá estão as histórias que ela quer contar e ouvir. Lá ela tem um cantinho só dela. Lá ela é feliz. E é isso que deve importar...)

Vovó Luiza comemorando seus 78 anos