9.9.06

presentemente



Lindo!

Difícil era acreditar que em poucos minutos estaria enxergando Ele a pouco metros de mim. Não seria original dizer que o corpo estava arrepiado, que batia um frio na barriga e que, naquela noite, mais nada importaria. Não seria original se emociar com algumas das mais belas canções por Ele cantadas. Nem tampouco seria original dizer que, por mim, aquele noite se estenderia por toda a eternidade. Nada é original quando deixamos sentimentos se expressarem - e esse é o encanto de simplesmente sentir, não é verdade?

O clima era propício para os casais apaixonados trocarem declarações de amor entre uma música e outra. Mas também havia espaço para aqueles que já não sabem o que faz o coração tremer. E claro, também estavam presentes os que comemoravam anos de casados, os recém-casados com filhinhos pequenos, amigos, amantes e namorados. Para todos - como sempre.

De tão simples, existia algo de aconchegante no ar. Abraços não eram necessários - mas, de fato, eles trouxeram um toque especial. Em alguns momentos, nada existia além daquela voz que nos acariciava como a mão que faz um cafuné tarde da noite. Os olhos brilhavam e davam mais luz ao cenário projetado por Helio Eichbauer. Também aqui não seria original dizer perfeito! - mas é fato que ainda não encontraram melhores expressões para defini-lo e, talvez por isso, tudo que se escreva a respeito Dele seja tão clichê.

Não me arrisco a sair do óbvio, até porque essa tentativa seria em vão. Serei, admito, mais uma entre muitos que elogiarão e que abrirão um enorme sorriso assim ao relatar a noite do dia 08.09 (aqui será necessário abrir um parênteses para dizer que, como também era de se esperar, nem todos abrirão um sorriso e elogiarão a noite que passaram com Ele). Mas, como já é sabido por todos, para certo momentos, não há motivo para nos preocuparmos com a originalidade.

Durante o show encontrei a minha explicação para essa admiração. São as letras. Nelas as mulheres não são derrotadas pelos sentimentos e pelos amores mal vividos. Talvez seja por isso que tantas de nós o desejamos (não no sentido presencial da palavra, pelo menos para algumas de nós). Em suas letras, nos sentimos fortes como quase nunca conseguimos ser. Em suas letras, nos inspiramos em acreditar que somos muito mais do que conseguimos ser. Em suas letras sentimos um carinho que por vezes nos faz falta. Em suas letras estão os nossos maiores desejos. E só. São as letras. Elas também nos dão saudade de um tempo que não volta mais, nos dão vontade de ter o coração cheio de alegria, nos deixam, por algumas horas, distante de um mundo que já não queremos como o nosso.

Somos refugiados procurando colo e explicações para essas coisas do nosso mundo. Somos espectadores emocionados pedindo bis. Não queremos sair do lado encantado. A realidade é séria demais. Queremos mais e sempre, por isso não nos deixamos acreditar que, depois de voltar duas vezes ao palco, o show, de fato, chegou ao fim. Continuamos sentados, outros em pé, gritando o seu nome por mais alguns minutos. Por instantes, a alegria, que nos acompanhou por duas horas, é substituída por algo que chega bem perto da melancolia. Passa, é claro - mas aí vem a vontade de voltar na noite seguinte para ouvir aqueles Outros Sonhos embalados por uma melodia gostosa e baixinha.

Podemos voltar também para ver todo mundo em pé - ou ajoelhados em cima da cadeira, como eu estava - acompanhando as músicas do bis: Sem Compromisso, Deixe a Menina e Quem Te Viu, Quem Te Vê. Podemos também voltar pela companhia, pela lua, pela vontade de deixar a emoção transparecer. Podemos voltar porque mais uma noite como aquela, presentemente, represente muito para mim.

5 comentários:

Mari Marcondes disse...

Chiiiiiiiiiiiiiicoooooooo =)
Ai, Thais, que inveja eu sentia de você sexta de noite...
Sim, praticamente o último episódio de Anos Incríveis.

Anônimo disse...

Sem originalidade: Chico é Deus.

Beijos...

Anônimo disse...

Pois é com o coração partido que admito, a muito custo:

o show do Chico é MELHOR que o último episódio de Anos Incríveis!

Mas só um pouquinho, vai...

Thá disse...

Um pouquinho???? rsrsrs
O fofo do Kevin Arnold que me desculpe, mas o show do Chico é MUITO MELHOR do que último episódio de Anos Incríveis...

Anônimo disse...

Já cheguei a uma conclusão: o povo brasileiro é muito mais feliz do que qualquer outro no mundo porque quando está na fossa tem as músicas de Chico Buarque para fazer companhia. E só por isso já vale a pena ser brasileiro.

Adorei o post, Thata.

:=)