26.10.06

A convite da Jazz Sinfônica

Vinte e cinco de outubro, 21h, um encontro especial. Pela primeira vez, os olhos e os ouvidos seriam apresentados à Orquestra Jazz Sinfônica. Encanto e emoção regidos por Cyro Pereira e João Maurício Galinto. Mais setenta musicistas, esbanjando talento, foram responsáveis pelas deliciosas sensações de bem-estar.

Violinos, Violas, Violoncelos, Contrabaixos, Flautas, Fogote, Oboé, Clarinetes, Trompas, Trompetes, Trombone, Tuba, Saxofones, Piano, Guitarra, Baixo Elétrico, Bateria, Percussão e Timpanos acompanhados pelo convidado da noite: David Liebman, "instrumentista versátil" - como diz o texto do folheto da apresentação.

Imperceptivelmente, os pensamentos sumiram - já que era tamanha a concentração. Gestos e sons hipnotizaram e tornaram mais leve o ar do Auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina. Uma sensação que há tempos não batia e a certeza de que é possível deixar a mente e o corpo livres para escolherem seus caminhos - ontem, eles foram comandados simples e essencialmente, pelas mãos de João Maurício Galinto.

Conduzidos, os ouvidos eram capazes de captar os sons como se nada mais existisse naquela imensa apresentação. Era possível sentir - cada qual em seu momento - as flautas provocarem um arrepio aconchegante, a percussão causar um êxtase incontrolável, os violinos alimentarem o espírito com vibrações singulares. Era possível ouvi-los juntos - como de fato é esperado - e, simultaneamente, um de cada vez. Existia, por diversas vezes, a sensação de que os instrumentos já não estavam acompanhados uns dos outros. Algo que só possível quando a música encontra o ponto exato da alma, algo que só possível quando o corpo está livre de quaisquer manifestações que não correspondam à intensidade daqueles movimentos.

Um presente para lá de emocionante. Uma apresentação histórica, é verdade: "esta é sua [de David Liebman] segunda aparição no Brasil - a primeira foi em 2002 - e é muito especial por ser sua primeira atuação com uma orquestra latino-americana e pela preciosidade musical escolhida, calcado no afeto que nutriu, por algumas décadas, seu trabalho com o gênio Miles Davis".

Em 1970, David Liebman recebeu o convite para tocar na banda do grande nome do jazz Miles Davis. A parceria resultou em trabalhos reverenciados por todo o mundo e, por esse motivo, a convite da Orquestra Jazz Sinfônica, Liebman - saxofonista, pianista, compositor e genuíno representante do jazz nova-iorquino - veio ao Brasil para homenagear seu mestre Davis.

Nossos sinceros e emocionados agradecimentos.

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