13.8.06

o que será

"Sim, é possível". Achei que tivesse desaprendido. Por um momento acreditei que não seria possível ficar em silêncio e não pensar em nada. Achei que, mais uma vez, fosse preciso fugir - talvez de mim mesma - para colocar tudo no eixo. Engano. Ingenuidade.

(crescer não é fácil...) Depois dos vinte, isso se torna um clichê de tanto que é dito e ouvido. Depois dos vinte, já não podemos mandar tudo para espaço e começar do zero. Não! Depois dos vinte, as histórias ficam mais sérias e não podem ser deletadas. Não é tão simples assim. Já não existe a varinha mágica e o pó de pirlimpimpim de uma fadinha que encanta e desencanta. Temos que resolver tudo - e, quase sempre, sozinhos. Não podemos esperar que a solução apareça inexplicavelmente. Depois dos vinte ouvimos muitos conselhos - e, quase sempre, são os mesmos e não condizem com aquilo que queremos. E, exatamente por isso, não podemos enganar a nós mesmos. Chega o momento de sabermos o que sentimos e falarmos sobre isso. Já não podemos ficar em cima do muro - mas não podemos também ser radicais. O que podemos então? Aprenderemos. Nos falta paciência, é claro.

Temos a afobação daquela juventude revolucionária brasileira dos anos de 1960 e 70. Talvez sejamos saudosistas demais. Queríamos ter feito mais do que fazemos. Besteira nossa! Ainda temos tempo. Nos falta paciência, já disse, né?

O espelho já não é suficiente para enxergar tudo que se passa aqui dentro. É preciso caminhar pelas ruas e nada enxergar. É preciso correr para conseguir pegar a sessão das 17h30 mesmo quando não tem ninguém a sua espera. É preciso ter planos - mas não ilusões (mas isso a gente só vai aprender depois. Ainda precisamos de ilusões, ou melhor, das desilusões). É preciso ser feliz sozinho para ter a certeza de que é impossível ser feliz sozinho. Precisamos de um tempo para nós mesmos para nos darmos conta de que nada seremos sem cada momento que vivemos. Somos tudo aquilo que já fomos um dia.

Hoje decidi: "sim, é possível". Não desisto dos meus planos, mas, para executá-los, preciso acreditar. O primeiro passo? Sim, estou disposta. E isso já basta e Chico nos espera.

O que será, que será? Que andam suspirando pelas alcovas? Que andam sussurrando em versos e trovas? Que andam combinando no bréu das tocas? Que anda nas cabeças, anda nas bocas? Que andam acendendo velas nos becos? Que estão falando alto pelos botecos? E gritam nos mercados que com certeza Está na natureza. Será, que será. O que não certeza, nem nunca terá? O que não tem conserto, nem nunca terá? O que não tem tamanho?


2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelo belo blog, que finalmente nasceu! Uma delícia!

E se cuida, tá?

Até o show, linda!

moça dos olhos d'água disse...

aaaaaaaaaaaaaah! um suspiro profundo pra todas as angústias que chegam como avalanches. viver é isso, essa inconstância... (que bom que agora EU também posso ler os seus retalhos...) beijos, fica bem, flor!