26.9.06

Para um pai que é paulista

Ele é palmeirense fanático. Daqueles que gritam, berram, xingam o juiz, os técnicos, os times, os torcedores e, claro, os jornalistas. Para ele, a imprensa toda é corinthiana e, de fato, para um alviverde neurótico, isso é um grande problema. Os dias de jogos são sempre de muita tensão. A torcida é para que o time do Palestra Itália vença sempre - assim, pelo menos a mesinha de centro será poupada.

É ele quem vai ao supermercado e ao horti frutti aos finais de semana. Verduras, legumes e frutas sempre fazem parte da listinha. Mas é importante ressaltar: sorvetes, doces e chocolates constam em seu cardápio diário (para não denegrir a imagem dele, omito as cervejas e os pesticos que também vão para o carrinho do supermercado).

Mas faz só dois anos. Era 2004. Para mim, o primeiro ano da Faculdade e, como manda aquela lei, todas as mudanças ao mesmo tempo. Fomos as três para Vila Olímpia. Ele morava sozinho num apartamento alugado numa daquelas ruas do bairro baladeiro. O que antes era apenas o nosso cantinho para dormir depois de noites dançantes, foi transformanda na nossa casa.

Os primeiros meses foram, como era de se esperar, muito conturbados. Receber três adolescentes inesperadamente não foi uma das melhores coisas que já tinham lhe acontecido. Antes de morarmos juntos, os nossos encontros eram aos sábados à tarde. Sempre para um almoço num dos quilos de São Paulo. E só. Ele voltava para casa dele sozinho depois de nos deixar.


Mesmo sendo um conhecedor nato da alma feminina - é o que dizem por aí -, as três adolescentes lhe foram indecifráveis à primeira vista. Não sabia como agir ( e ainda não sabe em determinados momentos). Nesses casos, gritar sempre era a melhor alternativa. Mas juntos aprendemos a ouvir uns aos outros.

A torcida dele pelo nosso sucesso é explícita - quer dizer, muitas vezes, não tão evidente, mas sabemos que ela existe. Sabemos o quanto é importante nos ver bem. A preocupação em excesso o deixou com pouco cabelo - mesmo assim, visita o cabeleleiro pelo menos uma vez por mês.

Algumas de suas manias, hoje são nossas também.

Apesar de ter vindo para cidade grande e hoje decidir comemorar mais um ano de vida em um dos bares da baladeira Vila Olímpia, ainda há nele um jeito de interior, um quê daquele garoto do sítio de Amandaba que ajudava na colheita de café e ouvia pelo rádio do pai as narrações futebolísticas de Fiori Giglioti.

Parabéns, pai!

3 comentários:

Mari Marcondes disse...

Ai que lindo!
Parabéns para o papai =)

Anônimo disse...

Um enorme abraço, bem apertado mesmo, pro pai mais jovem, mais gente boa e mais palmeirense que eu já conheci!

E boa festinha hoje! = )

Thá disse...

(só por causa do textinho)

Fiz o papai palmeirense chorar na festinha!