30.4.09

o tempo de tudo

Sim, eu confesso: sou uma pessoa inquieta. Preciso de movimento para me sentir viva. Preciso produzir para encontrar o meu lugar. Preciso de histórias, de lugares, de mais histórias, de mais lugares. Preciso acordar, tomar café da manhã, ler jornal, de um espelho para me arrumar. Mas preciso aprender a ser quarenta. Sou intensa - nas coisas boas e nas ruins. Sabe a frase de Fernando Pessoa que está ali, logo embaixo do "Thá"? Não foi escolhida por acaso. Sempre coloco o que sou no mínimo que faço. Não é de todo ruim. Mas também não é de todo bom. Preciso aprender a dosar e entender que tudo acontece, de uma maneira ou de outra. Mas no momento certo.

Aprender a lidar com o tempo das coisas tem sido um grande desafio. Os dias nem sempre são bons, nem sempre são ruins, nem sempre estão ensolarados, nem sempre estão chuvosos. Há dias para casacos de lã, mas isso não quer dizer que aquele vestido rodado não será mais usado. Falar e escrever sobre isso é fácil. Difícil é entender o tempo de tudo. Escrevo para registrar, no papel e na mente. Para voltar aqui quando me esquecer que o meu vestido preferido continua lá no armário, esperando um dia de sol para ser usado. Na verdade, eu tenho tudo para acreditar que as coisas acontecem quando chega o tempo delas. E para reforçar essa ideia, recebi de uma pessoa querida um trecho do livro Eclesiastes, da Bíblia, que fala sobre o tempo. E que agora divido com os que passam por aqui:

"Tudo tem seu tempo.
Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu:
tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
tempo de matar e tempo de curar; tempo de destruir e tempo de construir;
tempo de chorar e tempo de rir; tempo de lamentar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de as ajuntar; tempo de abraçar e tempo de se afastar dos abraços;
tempo de procurar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de jogar fora;
tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de falar;
tempo do amor e tempo do ódio; tempo da guerra e tempo da paz.
Que proveito tira o trabalhador do seu esforço?
Observei a tarefa que Deus impôs aos humanos, para que nela se ocupassem.
As coisas que ele fez são todas boas a seu tempo.
Além disso, entregou o mundo ao coração deles.
No entanto, o ser humano jamais chega a conhecer o princípio e o fim da ação que Deus realiza.
Compreendi, então, que nada de bom existe senão alegrar-se e fazer o bem durante a vida.
Pois todo aquele que come e bebe, e vê o fruto do seu trabalho, isso é dom de Deus.”
(Eclesiastes 3,1-13)

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